Hoje é o 113º aniversário da poetisa, pintora, professora e jornalista Cecília Meireles. Ela começou a escrever poesias aos 9 anos. Aos 18 escreveu seu primeiro livro de sonetos, Espectros, que logo fez sucesso. Mas, foi em 1939 que lançou Viagem, ficando ainda mais reconhecida. Para comemorar o seu 113º aniversário, selecionei seus melhores poemas:
Retrato
Eu não tinha esse rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem esses olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha essas mãos sem força,
Tão paradas frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
O amor...
É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados.
Mas os vencedores no amor são os fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que tem!
Sonhar um sonho a dois,
E nunca desistir da busca de ser feliz,
É para poucos.
Lua adversa
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
Fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
No secreto calendário
Que um astrólogo arbitrário
Inventou para meu uso.
E roda a melancolia
Seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(Tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
Não é dia de alguém ser meu
Não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
O outro desapareceu...
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Qual desses poemas vocês mais gostaram?
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